Nossa Senhora da Saúde

Nossa Senhora da Saúde
Este Ícone de Nossa Senhora da Saúde minha mãe o adquiriu no ano que eu nasci (1946) e está comigo até hoje.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Santa Isabel de Portugal (Rainha)


RAINHA SANTA ISABEL DE PORTUGAL

4 DE JULHO

"Santa Isabel, mãe da paz e da pátria!
Vós que triunfais com Cristo nos Céus, dai-nos a paz."

Ó serva de Deus preclara,
Tua oferta foi aceite,
Pois, como a virgem prudente,
Tinhas sempre, diligente,
Cheia a lâmpada de azeite.

O odor de Cristo exalando,
Por onde quer que passavas
Fazia-se a noite dia,
E era oiro e pedraria
Cada acção que praticavas.

O exemplo da tua vida
Em tudo foi exemplar,
Pois que na seara divina,
Como a Rute peregrina,
Bem soubeste respigar.

Escolhendo Jesus Cristo
Como único Senhor,
Tudo por Ele deixaste
E o coração lhe entregaste,
Consagrada ao seu amor.

Ó Jesus, Filho da Virgem,
Ó Maria, Virgem-Mãe,
E tu, eleita de Deus,
Que já reinas lá nos Céus,
Vinde em nosso auxílio.
Ámem.


* * *

Santa Isabel de Portugal nasceu em 11 de Fevereiro de 1270, em Saragoça - Espanha; era filha de Pedro III, rei de Aragão. Recebeu o seu nome em homenagem à sua tia, Santa Isabel da Hungria, canonizada anos antes, e de quem se esperava que Isabel herdasse a bondade e a santidade. Aos 12 anos casou-se com o Rei Dinis, de Portugal.

Educada no seio de uma família religiosa, a Rainha Santa Isabel observava com rigor os jejuns recomendados pela Igreja e, durante a Semana Santa, fazia obras de extrema piedade e devoção. Colaborou para implantar em Portugal a devoção a Nossa Senhora da Conceição, a quem recorreu pedindo auxílio para impedir uma guerra civil, liderada por seu filho Afonso, em rebelião aberta contra o pai.Dotava os conventos do reino com muitas esmolas, principalmente o de Santa Clara de Coimbra.

Mandou construir um hospício para os pobres em Coimbra, um hospital para crianças doentes e enjeitadas em Santarém e uma casa para recolhimento e regeneração das mulheres perdidas de Coimbra. Recebia em palácio jovens pobres e alimentava-os, dando-lhes dinheiro e condições para que se casassem.

O Rei Dinis adoeceu em 1324 e foi cuidado por sua esposa pessoalmente até a morte, em 7 de Janeiro de 1325. Após o enterro do marido, a Rainha Isabel fixa residência em Coimbra e toma o hábito da Ordem de Santa Clara. Em Junho de 1336, resolve partir para Estremoz, a fim de encontrar seu filho o Rei Afonso IV, em guerra com seu neto Afonso IX, rei de Castela. É desaconselhada da viagem devido à longa distância, ao calor e à sua idade, mas a empreende. Chega doente à fortaleza de Estremoz; logo lhe aparece uma pústula no braço que lhe causa febres. Morreu, rezando, na noite de 4 de Julho, após receber os últimos sacramentos.

Contra a vontade da corte, seu filho realiza-lhe o desejo de ser enterrada no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra. Devido aos inúmeros milagres ocorridos após a morte de Santa Isabel, o Rei Manuel I pede a sua beatificação, e o Papa Leão X, em 1516, declara-a Bem-aventurada, dando permissão para a celebração de sua festa na diocese de Coimbra.

Em 1556, em virtude de outros milagres atribuídos à Rainha, o culto estende-se por todo o reino de Portugal. Em 1560, Ana de Meneses, abadessa do Mosteiro de Santa Clara, funda a Confraria da Rainha Santa. O Papa Gregório XIII, em 1581, concede diversas graças e indulgências aos associados desta confraria.

Em 1612, uma comissão vem de Roma a Coimbra para dar início ao processo de canonização da Rainha.

Na sequência de uma enchente do Rio Mondego, a comunidade de religiosas foi abrigada num novo Mosteiro (onde se encontra o actual) e trasladaram os restos mortais de Santa Isabel.

Abriram-lhe então o túmulo, 276 anos após a sua morte e descobriram a sua urna intacta. Esta foi levada em procissão para o novo Mosteiro. Ao abrirem a urna, constatou-se que o seu corpo estava incorrupto e exalava um aroma suave.

No dia 25 de Maio de 1625, festa da Santíssima Trindade, o Papa Urbano VIII canoniza a Rainha Santa Isabel.
* * *
Ainda hoje o seu corpo se encontra incorrupto, apenas com a pele ligeiramente seca, no Mosteiro de Santa Clara em Coimbra:

Aspecto geral do Mosteiro onde se encontra o corpo da Rainha Santa Isabel.

Porta de entrada do Mosteiro de Santa Clara.

Imagem de Santa Isabel, no exterior do Mosteiro, com o olhar sobre a cidade de Coimbra.

Fonte: http://saudedalma.blogspot.com.br/2011/07/rainha-santa-isabel-de-portugal.html


Mais história da santa

Uma Rainha de Portugal, de nome Isabel, ficou conhecida por sua bondade e abnegada prática da caridade.

Ocorre que seu marido, o Rei D. Diniz não gostava das excursões da Rainha, pelas ruas da miséria.

Muito menos das distribuições que ela fazia entre os pobres. Não podia admitir que uma mulher nobre deixasse o trono das honras humanas para se misturar a uma multidão de doentes, famintos e mal vestidos.

A bondosa Rainha, no entanto, burlava a vigilância de soldados e damas de companhia e buscava a dor nos casebres imundos, levando de si mesma e de tudo o mais que pudesse carregar do palácio.

Não levava servas consigo, pois isto seria pedir a elas que desobedecessem às ordens reais.

Era humilhante, segundo o seu marido, o que ela fazia. Como uma Rainha, nascida para ser servida, realizava o trabalho de criados, carregando sacolas de alimentos, roupas e remédios?

Certo dia, ele mesmo a foi espreitar. Resolveu surpreendê-la na sua desobediência. Viu quando ela adentrou a despensa do palácio e encheu o avental de alimentos.

Quando ela se dirigia para os jardins do palácio, no intuito de alcançar a estrada poeirenta, nos calcanhares da fome, ele saiu apressadamente do seu esconderijo e perguntou:

Aonde vai, senhora?

Ela parou, assustada no primeiro momento. E, porque demorasse para responder, ele alterou a voz e com ar acusador, indagou:

O que leva no avental?

Levemente ruborizada, mas com a voz firme, ela finalmente respondeu:

São flores, meu senhor!

Quero ver! Disse o rei, quase enraivecido, por sentir que estava sendo enganado.

Ela baixou o avental que sustentava entre as mãos e deixou que o seu conteúdo caísse ao chão, num gesto lento e delicado.

Num fenômeno maravilhoso, rosas de diferentes tonalidades e intensamente perfumadas coloriram o chão.

Consta que o Rei nunca mais tentou impedir a rainha da prática da caridade.

sábado, 22 de junho de 2013

As sepulturas na pré-história EB



Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
D. Estevão Bettencourt, osb
Nº 306 – Ano 1987 – p. 444

Em síntese: As mais antigas sepulturas da pré-história datam de 80.000 a.C. (período paleolítico inferior). Revelam a existência, no homem pré-histórico, de espiritualidade e de senso religioso; com efeito, sepultando seus mortos, os antigos julgavam que eles sobrevivam o que está ligado à crença em Deus ou na Divindade, que assegura ao homem a vida póstuma. Assim o senso religioso, a fabricação de instrumentos de pedra lascada e a produção do fogo são os primeiros sinais da inteligência humana sobre a face da Terra. A religião da racionalidade ou da inteligência humana desde que ela aparece no mundo. Note-se que os animais irracionais não sepultam seus mortos.

As pesquisas de paleontologia têm permitido mais e mais reconstituir os inícios do ser humano sobre a face da terra. É certo que se trata de setor de estudos ainda obscuro e talvez impenetrável em muitos de seus aspectos, pois a própria passagem do tempo destruiu documentos e monumentos que revelariam algo dos primórdios da humanidade.

Um dos pontos que ultimamente têm vindo à baila, é o das sepulturas da pré-história. Examinemos os dados arqueológicos e procuremos ler o seu significado.

Os dados arqueológicos

A pré-história é o período que abrange as atividades do homem anteriores ao aparecimento da escrita, isto é, anteriores a 8.000 a.C..

aproximadamente. Compreende os períodos da Idade da Pedra, em que os homens usavam exclusivamente armas e instrumentos de pedra, sem recurso ao bronze e ao ferro. Nesse uso da pedra, há aperfeiçoamento paulatino, de modo que se distinguem:

a idade paleolítica; os mais antigos instrumentos de pedra têm cerca de 2.500.000 anos. O homem criou então balas, martelos, machados de pedra; descobriu a produção do fogo; vivia da caça de animais e da coleta de frutas e raízes que encontrava. Morava em cavernas, abrigos naturais ou ao ar livre; a idade mesolítica; a idade neolítica.

As linhas divisórias entre essas três épocas da Idade da Pedra são diversamente assinaladas pelos autores, dada a exigüidade de elementos disponíveis para se fazerem cálculos. Mas isto não importa ao tema que aqui nos interessa: as sepulturas da pré-história.

As mais antigas que conheçamos, datam de 80.000 a.C. Para as épocas anteriores a esta data, não temos vestígios explícitos; e isto, por vários motivos: 1) quanto mais recuamos no tempo, mais escassos são os documentos preservados: 2) por ocasião das escavações arqueológicas, o próprio trabalho de remoção de entulhos e terra contribui para deslocar ossadas e instrumentos; assim o que os arqueólogos podem observar, já não tem as suas características típicas originais (como seriam as de uma sepultura); a mensagem dos fósseis torna-se então incompreensível; 3) em vez de sepultar em covas abertas pela mão do homem, os antigos podiam sepultar em depressões do terreno o que contribui para descaracterizar as sepulturas (…).

Hoje conhecem-se cerca de quinze sepulturas da Idade da Pedra – o que é considerado muito significativo; conseguiram atravessar milênios sem se desfazer pela ação das chuvas, da erosão, dos terremotos, das guerras, etc. Eis alguns dos seus principais sítios:
La Chapelle-aux-Saints (França), Grimaldi (Itália), Arena Candida (Itália), Shanidar (Iraque), Qafzeh (perto de Nazaré, Israel)… Quanto mais o período da Pedra avança no tempo, mais profusos aparecem os ritos funerários: as pinturas das cavernas e os artifícios múltiplos que cercavam os mortos, revelam cuidados especiais para com os corpos dos defuntos.

Verifica-se que os cadáveres não eram abandonados, sem mais, à deterioração natural, como se daria no caso de um cão ou de uma ave. Todos os esqueletos da Idade da Pedra, aparecem deitados sobre o lado direito ou o esquerdo, encolhidos, com as mãos e os pés lembrar o feto no útero materno ou o adulto adormecido; não foram lançados à terra de qualquer maneira, mas mereceram
carinho e solicitude da parte dos sobreviventes. Junto ao cadáver colocavam utensílios diversos: armas, estatuetas de Vênus (símbolo da Vida e da fecundidade), jóias (como dentes perfurados, conchas perfuradas, braceletes, pérolas, espinhas de peixe, colares…).

Ao ser sepultado, o cadáver era salpicado de ocre vermelho (minério de ferro) ou era deitado em leito de ocre; este, por sua cor, seria símbolo do sangue e, por conseguinte, da vida. Às vezes, o ocre era colocado explicitamente diante da boca e das fossas nasais, como símbolo do sopro de vida.

Especialmente interessante é a sepultura das duas crianças de Spungir, na URSS: foram enterrados juntas, uma delas tendo a seu lado uma grande lança, oito dardos, dois punhais, dois bastões furados; a outra tinha também uma grande lança comigo, mas apenas dardos e um punhal. Muitas pérolas se achavam em torno da cabeça, dos braços, das pernas, do peito e sobre os pés de cada esqueleto. Traziam bonés muito “ricos” com carreiras de pérolas de marfim de diversas formas dispostas paralelamente,
caninos de raposa polar, semi-anéis talhados em chifre de mamuth (possivelmente destinados a prender os cabelos ou as caudas de raposa que ornamentavam a cabeça). Os punhos tinham braceletes finos; e os dedos, anéis de marfim. Sobre o peito de um dos esqueletos, encontrou-se uma figura de cavalo em forma de placa.

Merece atenção ainda a sepultura dita “do Jovem Príncipe” em Arena Candida (Itália): em torno da cabeça, encontraram-se glóbulos perfurados, jóias outrora cozidas sobre as suas vestes, um grande punhal de pedra em sua mão.

Em Shanidar (Iraque), encontraram-se em torno do esqueleto sedimentos com vestígios de pólen – o que significa que fora o cadáver enterrado sobre um leito de flores vivas e coloridas (…) Isto há cerca de 50.000 anos!

Parece que a ornamentação e os utensílios variavam de acordo com a idade, o sexo e as funções desempenhadas outrora pelo defunto.

À medida que as populações pré-históricas foram assumindo a vida sedentária, constituíram cemitérios. Em conseqüência, foram descobertas verdadeiras necrópoles em Teviec e Hoëdic (Bretanha, França), Muge (Portugal), Vedbaek (Dinamarca), Mallaha (Israel).

Indaga-se agora:

Que pensar?

Qual terá sido a razão do sepultamento dos mortos desde a pré-história?

Em geral, os cientistas estão de acordo em reconhecer que tais sepulturas não têm valor apenas utilitário ou pragmático (atender à higiene, por exemplo), mas exprimem a convicção de que os antepassados sobrevivem no além; precisam de ser acompanhados, guarnecidos, equipados (se não, poderiam voltar?…). A crença na sobrevivência, por sua vez, está ligada à crença em Deus (entendido como os antigos o podiam entender); os defuntos estariam em demanda da Divindade ou já a teriam encontrado… As mitologias dos povos históricos desenvolvem amplamente as crenças do homem pré-histórico, apresentando as “peripécias” ou “aventuras” da vida póstuma.

O Prof. Cécile Lestienne escreveu a respeito o artigo “Funérailles d’antan” na revista “Science et Avenir”, nº 480, fevereiro 1987, pp. 54-59, onde tece as seguintes considerações:

“Podemos afirmar que os sepultamentos intencionais estão obrigatoriamente associados à crença no Além, numa vida póstuma ou num renascimento…? Nosso conhecimento das sociedades arcaicas e primitivas poderia sugerir-no-lo. Mas diz Leroi-Gourhan: Até um ateu aceita ser enterrado…

Não obstante, parece que essa sepulturas são o testemunho de uma certa espiritualidade. É certo que elas não são devidas apenas a cautelas de higiene. Por que os antigos se dariam ao trabalho de enterrar alguém, quando seria mais simples lançar o cadáver numa fossa um tanto afastada?

Mas ainda mais significativos do que esta reflexão são outros indícios:… os corpos não foram enterrados de qualquer modo. O seu sepultamento exigiu cuidados e atenção dos sobreviventes” (pp. 56s).

Assim o Professor Lestienne mesmo acaba reconhecendo que os resquícios funerários da pré-história são o indício da espiritualidade do homem, desde os primórdios da sua pré-história: “Há ao menos 80.000 anos que os homens enterram os seus mortos. Estudando como nossos ancestrais cuidavam dos seus defuntos, os pesquisadores da pré-história esboçam o nascimento da espiritualidade” (revista citada, p. 54).

Um estudioso cristão não pode deixar de valorizar enormemente esses túmulos pré-históricos. São típicos do ser humano, pois nenhum animal, por mais aperfeiçoado que seja, sepulta os seus mortos; o homem, ao contrário, desde que aparece sobre a face da Terra, prática a inumação. Com isto também fica patente que o senso religioso é outra nota congênita no homem desde os albores da existência humana; a religião não é um fenômeno tardio da criatura amedrontada ou amesquinhada pelas forças da natureza, mas é o testemunho da inteligência desde que ela pode ser identificada na penumbra da pré-história. A fabricação de instrumentos lascados em vista de um objetivo a produção do fogo e o sepultamento dos mortos são as primeiras manifestações da racionalidade humana na pré-história.